Está no ar o 2º episódio do videocast “Vozes da Inovação”
Episódio “Lugar de Mulher é na Política: Cotas e Desafios” entrevistou Mariana de Siqueira e Sheila de Araújo

Três mulheres frente a frente no segundo episódio do podcast “Vozes da Inovação Eleitoral”, comandado pela jornalista Sara Cardoso, discutem sobre o singular aspecto de o Rio Grande do Norte ser o Estado que provavelmente concentra o maior número de casos de pioneirismo feminino na política brasileira.
As entrevistadas são Mariana de Siqueira, advogada e professora do curso de Direito da UFRN, que integra o grupo de pesquisa Defem (Defesa, Estado e Feminismo), e Sheila Carvalho de Araújo, chefe de gabinete da Secretaria Judiciária do TRE-RN, graduada em Letras e Jornalismo.
Episódio “Lugar de Mulher é na política: Cotas e Desafios” - ASSISTA AQUI
Mariana destaca que esse podcast do TRE-RN é um importante espaço de comunicação onde é possível rememorar o histórico pioneirismo “das fortes mulheres potiguares” e mencioná-las a um novo público, para que possam atingir o seu máximo potencial de inspiração, incentivando assim a participação política feminina mais intensa nos tempos atuais.
O primeiro episódio do podcast trouxe justamente a história da potiguar Alzira Soriano, primeira prefeita eleita da América Latina, mas neste segundo momento a pesquisadora da UFRN fez questão de ressaltar o protagonismo de outras mulheres do RN, como Celina Guimarães Viana, primeira brasileira a votar; Maria do Céu Fernandes, curraisnovense que se tornou a primeira deputada estadual do Brasil; e professora Maria Queiroz Baía, que na década de 1970 foi a única mulher a atuar na Câmara de Vereadores de Natal, após 23 anos de ininterrupta exclusividade masculina no legislativo local. Mariana recorda também a poetisa Nísia Floresta como a primeira feminista do Brasil e destaca que toda “essa ancestralidade tem muito a ensinar às mulheres do presente e àquelas que virão”.
Sheila Carvalho, por sua vez, manifesta que as mulheres potiguares têm o privilégio de ter como exemplos essas mulheres fortes que trilharam muito antes o caminho da participação política: “Isso permite que as mulheres da atualidade tenham a coragem e o estímulo necessários para fazer ouvir a sua voz, tendo em vista que a política é ainda um espaço árido para o ser feminino”.
A chefe de gabinete observou que em seu “tempo de escola”, o pioneirismo das mulheres potiguares nunca foi tema de sala de aula. “Eu só passei a ouvir falar desse assunto no Judiciário, mais precisamente após a criação do Centro de Memória da Justiça Eleitoral. Por isso é importante essa divulgação e que haja planos que levem ao público esta nossa história”, testemunha.
A apresentadora Sara Cardoso evidencia que um dos grandes desestímulos à participação feminina na política são as violências de gênero ─ que as mulheres a política sabem que “certamente irão sofrer”, e que segundo Mariana de Siqueira podem se manifestar de múltiplas formas: xingamento, verbalização de algo hostil, texto grosseiro publicado nas redes sociais, ameaças, agressões físicas e até o extremo da perda da vida em decorrência da violência política de gênero.
A pesquisadora discorre ainda sobre os vários aspectos dessa violência, que pode vitimizar não apenas a mulher parlamentar, mas também toda a sua família, e destaca que atualmente há inclusive um protocolo de “julgamento com perspectiva de gênero” que procura, na esfera do Poder Judiciário, fazer com que a mulher não seja revitimizada no âmbito dos processos.
Para a servidora Sheila Carvalho, a existência de um machismo estrutural que permeia toda a sociedade brasileira é o elemento desencadeador das múltiplas formas de violência contra a mulher, entre elas a violência política de gênero. Esta só existe, segundo ela, porque preexiste em todas as esferas da sociedade uma violência nem sequer velada contra as mulheres, independentemente de classe social ou nível socioeconômico.
“Em todos os locais, as mulheres são agredidas, são atacadas e olhadas de forma diferente”, afirma Sheila, para quem essa agressão nem sempre é explícita e no mais das vezes assume formas sutis: “Ela pode ser encontrada no simples fato de um dirigente, um gestor público afirmar que prefere trabalhar com homens porque mulher engravida, por exemplo. Isso é de uma violência sem tamanho”, sentencia.
O podcast tem 36 minutos de duração, durante os quais três mulheres inteligentes e comunicativas empunham as armas verbais de sua formação e até de sua indignação em defesa de espaços mais igualitários e condições mais equânimes paras as mulheres nos dias de hoje.
O “Vozes da Inovação Eleitoral” é uma produção do Laboratório de Inovação “Alzira Inova”, em parceria com a Comissão de participação Feminina, a Assessoria de Comunicação Social e o Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Inovação da UFRN (PPGCTI), como fruto do projeto “Alziras”, desenvolvido pela mestranda Márcia Regina Miranda Clementino Medeiros e sua orientadora Profa. Doutora Zulmara Virgínia de Carvalho, juntamente com o Alzira Inova e a Comissão de Participação Feminina do TRE/RN.
O projeto tem por objetivo fomentar o debate sobre temas inovadores, inclusivos e democráticos, promovendo a participação cidadã na Justiça Eleitoral e em outros espaços políticos e sociais, buscando incentivar a participação feminina na política e inspirar novas lideranças por meio do conhecimento e da memória.
Os programas são produzidos sempre em formato de entrevistas, com episódios de aproximadamente 30 minutos, divulgados quinzenalmente nas principais plataformas de áudio e nas redes sociais.
Equipe
- Coordenação Geral: Alzira Inova
- Produção e Roteiro: Equipe Alzira Inova, PPGCTI/UFRN e Comissão de Participação Feminina do TRE/RN
- Edição e Distribuição: Parceiros de comunicação
- Divulgação: Assessoria de Comunicação do TRE-RN e redes sociais do Alzira Inova e TRE/RN.

